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Polícia Civil do Piauí
Combate armado: medo, ansiedade e frustração, um pesadelo policial
01/01/2020 - 13:28  
  
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Publicado originalmente em 05/11/2011. Vale a pena conferir.

Poucos policiais são tão preparados para responder o que é o tiro policial quanto o instrutor da Academia de Policia Civil, Marcos Aurélio Castro e Mascarenhas, agente de polícia com vasta experiência no assunto. Foi por este motivo que o sítio da Polícia Civil do Piauí  entrevistou o especialista abordando o tema.

M. A. C. M possui curso de operações aéreas especiais, foi diretor da Federação Piauiense de Tiro Prático,  instrutor de tiro credenciado pela Polícia Federal, tendo vários cursos da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Além disso, M. A. C. M é policial por excelência.

Sítio da Polícia Civil: Como é a formação dos Policiais Civis do Piauí na disciplina armamento e tiro?

M. A. C. M: Primeiramente, nossa preocupação é ensinar aos policiais em formação o que é uma arma de fogo, qual a mecânica de funcionamento, como manusear o equipamento e como portá-lo. Buscamos o manuseio correto e seguro, e como deve ser utilizada a arma de fogo que usamos na Polícia Civil. Depois disso, procedemos à prática de tiro policial.

Sítio da Polícia Civil: Os policiais em treinamento estudam balística?

M. A. C. M: Estudam conceitos de balística, sim. Aprendem a escolher o melhor calibre e cartucho para determinada circunstância. Também recebem conceitos fundamentais sobre o uso de armas não letais, bem como exercícios práticos de manutenção de armas.

Sítio da Polícia Civil: Na proteção à vida, quais os métodos de tiro ensinados?

M. A. C. M: Treinamos o tiro defensivo de proteção da vida, o método GIRALDI e o CQB (Close Quarter Batle) - "Combate em Ambiente Confinado", entradas dinâmicas e técnicas de patrulhas rurais.

Sítio da Polícia Civil: O que é o método GIRALDI?

M. A. C. M: É um método desenvolvido por um oficial da Polícia Militar de São Paulo que foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU e que já ajudou a salvar muitas vidas. Esse militar percebeu que muitos policiais morriam em combate, em ocorrências corriqueiras, por falta de procedimentos que poderiam ser utilizados num eventual confronto. Foi um método desenvolvido para preservar a vida dos policiais e a vida das vítimas envolvidas nas ocorrências.

Sítio da Polícia Civil: Em que consiste esse método?

M. A. C. M: Parte-se da percepção que deve ser usada uma escala gradativa e progressiva da força policial conforme a evolução da violência do agressor. A presença policial já inibe determinadas ocorrências. Progressivamente, a verbalização correta pode evitar outras, à medida que o agressor  elevar sua agressividade, o policial deverá usar armas não letais, e por último, conforme a ocorrência evoluir para situações mais críticas, o uso do equipamento letal poderá ser utilizado forma adequada. Esse método é ensinado na simulação de situações cotidianas,  o policial passa por "pistas" de treino, simulando verbalizações, uso de equipamentos não letais, e uso do equipamento letal. Visa adestrar o policial na melhor relação entre o manuseio da arma, a preservação da vida do próprio policial e a preservação da vida das vítimas e, quando possível, dos agressores. O método GIRALDI treina o policial para situações que exigem procedimentos mais avançados, em uso defensivo, na aplicação de intervenções de nível mais baixo até a intervenção letal. Prima pelo uso progressivo da força.

Sítio da Polícia Civil: O Sr. já esteve em situações de combate armado. O que passa na cabeça de um policial nessa situação extrema?

M. A. C. M: (Pausa bastante reflexiva, o entrevistado suspira e segundos depois responde) Ansiedade. Medo. E o medo é decorrente dessa ansiedade. Estive nessas situações. Não é brincadeira. O bom policial teme cometer excessos, tem medo de ferir um inocente e também teme perder a vida. Depois vem uma frustração muito grande, na maioria dos casos.

Sítio da Polícia Civil: Que frustração é essa?

M. A. C. M: A frustração vem depois, quando o fruto do nosso trabalho é encaminhado à Justiça, onde muitas vezes não há punição justa para os criminosos. Quero aqui fazer justiça aos colegas da polícia civil que trabalham no interior do Estado e que, mesmo sem estrutura, conseguem fazer um trabalho brilhante. Quando chegamos para dar apoio ao interior, percebemos que mesmo sem equipamentos de segurança e sem efetivo policial suficiente, os colegas elucidam crimes complexos e fazem todos os levantamentos e investigações necessárias. São verdadeiros heróis que arriscam a vida pela Polícia Civil, em defesa da sociedade.

Sítio da Polícia Civil: O Sr. é apaixonado pela Polícia Civil?

M. A. C. M: Sou!

Relações Públicas da Polícia Civil

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